sábado, 25 de junho de 2011

LOVE


Uma cena, especialmente, me marcou na sessão do espetáculo LOVE, do Cirque de Soleil, exibido há 5 anos exclusivamente no hotel Mirage, em Las Vegas, nos Estados Unidos, e não faz parte do roteiro do show. Foi a saída do público. Era visível o altíssimo astral das pessoas, percebia-se nitidamente uma leveza de espírito no semblante de todos. Parecia que haviam passado por uma experiência transcendental, um êxtase coletivo. Muitos cantavam desinibidamente “All You Need is Love” e olhavam para as pessoas ao seu lado como se todos fossem um. Gente de toda parte do mundo unida num só sentimento.
É uma experiência mística e meio esotérica. Num cenário meio sombrio e grandioso juntaram-se dois dos maiores grupos artísticos do século passado em suas áreas, os Beatles e o Cirque du Soleil. Em comum, eles têm a inovação, a criatividade, a quebra de paradigmas, tocando fundo e indelevelmente no público.
Tudo é pensado para ser um digno produto autorizado a levar a griffe BEATLES. A música, elemento sagrado dos 4 membros e dos milhões de fãs, foi remixada pelo próprio George Martin, produtor de quase tudo que os Beatles gravaram, ao lado de seu filho, Giles. É um dos destaques do show. Toca o tempo todo em equipamentos de alta tecnologia, permitindo um som nítido e muito bem amplificado, com falantes em todas as cadeiras, o que faz que cada um dos presentes se sinta completamente envolvido pelas maravilhosas músicas do grupo.
O elenco é composto de dançarinos, atletas, atores e ginastas. Vestidos de maneira primorosa, num figurino exuberante que compõe à perfeição o visual das cenas. Os adereços são criativos e meio ‘loucos’, muito semelhantes aos que usavam os circos do início do século passado, que inspiraram Lennon em “The Benefit of Mr. Kite”, ou ainda os elementos psicodélicos e alucinados de Yellow Submarine, o filme. Guardas-chuvas com lâmpadas dentro, enormes marionetes de papel, triciclos que se movem sem ninguém em cima, crianças sem rosto e muitos outros. São centenas de detalhes que fica até difícil de acompanhar tudo.
A presença dos quatro beatles é exaltada em suas silhuetas e vozes. Há diversos diálogos entre eles, inclusive com trechos de ensaios, tudo em clima descontraído e intimista. As silhuetas projetadas em enormes panos que atravessam a platéia fazem a imaginação fluir, é clara a sensação de que eles estão ali, em algum lugar. Há um esquete dos 4 tentando atravessar uma rua que é hilariante. A atmosfera é totalmente beatle.
Apenas algumas músicas tocam completas, “Something” é uma delas, executada enquanto quatro ginastas loiras voam por cima do palco num clima etéreo, meio onírico. Durante “Hey Jude”, chovem pétalas em cima dos dançarinos em elevada expressão corporal. “Lucy in the Sky With Diamonds” toca enquanto milhares de luzinhas piscam, como vaga-lumes, povoando o alto teto do teatro. E muito mais, como os patinadores de “Help!” e os saltadores de “Revolution”.
São muitos detalhes, uma sessão apenas é pouco, o melhor seria ver umas 3 ou 4 vezes. A iluminação, o palco que muda de forma dezenas de vezes, subindo e descendo plataformas e camas elásticas, as projeções em altíssima definição nos telões, as crianças representando os 4 beatles quando jovens no pós-guerra, uma cenografia exuberante, detalhada, rica.
Nem precisa perguntar para as pessoas na saída se eles gostaram. A expressão diz tudo. É uma experiência única, digna do legado do maior fenômeno musical da história.
 Um dos painéis de dentro do teatro, onde são projetadas imagens.
 A entrada do teatro
 Luminoso multicolorido
 A loja lotada após a primeira sessão
 Painel em metal
Um bob recepcionista

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